menina-esponja
"Assim de repente parece que perdi a alma."
disse ela como se fosse outro. e era na altura.
era eu, que estava fora de mim, e era preciso que eu fosse alguém
porque sem eu não existo.
uma canção ao eu sem mim
que sou eu sempre
sem sequer ser eu a original
mas outra Pessoa pretendida
ou encontrada
ou mal amanhada,
tanto faz.
o eu que me conhecem,
e que conheço também,
é uma série de eles
coleccionados
desmontados
transformados
líquidos,
como é do conhecimento geral.
o eu que fica quando estou fora de mim,
ah como odeio o seu riso agudo,
é como uma esponja transformada em tijolo.
menina-esponja.
se não fosse um tijolo até me podia rir, eu.
em vez disso ri-se este riso agudo e odiado
de tijolo, cor de tijolo, duro de tijolo, terra de tijolo, lama sólida e concretizada e oca!
eu quero água!
que inunde, derrube, destrua, derreta, arraste, lave, revigore!
um eu que seja eu
sem ser este eu que ouve dizer que assim de repente, parece que perdeu a alma
quero uma esponja pra mim.
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